sábado, 24 de setembro de 2011

QUARENTA ANOS - MÁRIO DE ANDRADE


A Vida é para mim, está se vendo,
Uma felicidade sem repouso;
Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
Só pode ser medido em si sofrendo

Bem sei que é tudo engano, mas sabendo
Disso, persisto em me enganar...Eu ouso
Dizer que a Vida foi o bem precioso
Que eu adorei. Foi meu pecado horrendo.

Seria, agora que a velhice avança
Que eu me sinto completo e além da morte,
Me agarrar a esta Vida fementida

Vou fazer do meu fim minha esperança,
Oh! Sono, vem!... Que eu quero amar a morte
Com o mesmo engano que amei a Vida

Mário de Andrade

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