As doenças emocionais que afetam os trabalhadores em educação esquentaram o primeiro debate do 5º Seminário de Saúde do Sintepe, realizado na manhã desta quarta-feira (27), no auditório do sindicato. O primeiro a expor foi o neurologista e gerente do Departamento de Perícias Médicas do Instituto de Recursos Humanos de Pernambuco (IRH), Abelardo Farias. Ele explicou que os problemas de saúde apontados pelo servidor público do Estado são analisados por uma junta médica e que esta se baseia em uma legislação específica até pronunciar a decisão judicial.
Sobre o estágio probatório, o qual dura três anos, o médico esclareceu que é suspenso caso haja o afastamento das atividades, ou seja, o funcionário não poderá solicitar uma aposentadoria, por exemplo, enquanto o estágio não tiver finalizado. Durante este período, o trabalhador em educação também não pode ser readaptado.
Farias ainda alertou que o excesso de jornada de trabalho visando o lucro financeiro, principalmente nos momentos de repouso remunerado, torna o servidor mais vulnerável. "A gente vê que nem sempre a doença é relacionacionada ao trabalho", afirmou o médico a respeito de quem aproveita a folga para trabalhar. "Não se pode vender a saúde. Tem que saber respeitar seus limites de acordo com a profissão e a saúde", advertiu.
Mas, a vice-presidente do Sintepe e secretária de Saúde e Políticas Sociais da CNTE, Antonieta Trindade, acredita que a falta de estrutura no ambiente escolar ainda contribui muito para a propagação de doenças na categoria. "Engana-se quem acha que o professor é o responsável por seu adoecimento. Gostaríamos de exercer plenamente a nossa função", disparou.
Antonieta ressaltou que os readaptados devem assumir funções, de acordo com o quadro de saúde, condizentes com a formação. "O docente não pode exercer um trabalho que não tem relação com o cargo dele. Ou é a regência na sala de aula, ou uma função técnico pedagógica".
A necessidade de melhorar o ambiente de trabalho também foi levantada pela secretária de Saúde da CUT-PE, Lindinere Ferreira, que colocou como uma prioridades a gestão de trabalho. "É a escola que está doente. Não o trabalhador", destacou.
A palestrante que emociou o público com a apresentação do vídeo "Menestrel", apontou o assédio moral entre as principais causas de doenças mentais, frequentes nos profissionais da educação. "Assédio moral é crime e temos lei para punir isso. Esse debate ajuda a categoria a adquirir consciência e, junto ao sindicato, cobrar providências".
A gerente de Atenção ao Servidor e Desenvolvimento na Carreira da Secretaria Estadual de Educação, Célia Borges, também reforçou a disponibilidade dos Núcleos de Atendimento ao Servidor (NAS), que funcionam nas Gerências Regionais de Ensino, como um canal para os trabalhadores em educação recorrerem. "Esse diagnóstico observado hoje, somado ao trabalho que já é feito pelos núcleos, servem para desenvolvermos ações de fortalecimento de promoção da saúde e articular os órgãos públicos".
Em meio a um número elevado de cobranças e dúvidas do público, o diretor de Políticas Sociais do Sintepe e também organizador do encontro, William Menezes, considera que o debate atendeu os principais anseios da categoria. "Conseguimos apresentar os pontos de vista burocrático e jurídico da situação do paciente readaptado, além de uma visão mais ampla e humanizada da saúde do trabalhador", analisou.
CASOS – A manhã também foi marcada por desabafos de trabalhadores com sérios problemas de saúde. Entre os casos que chamaram a atenção está o da professora Maria de Fátima de Santana, de 52 anos, sendo 20 dedicados à educação estadual.
A docente lotada na Escola Timbi, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, desenvolveu um cisto aracnóide (pequeno tumor na cabeça), neuropatia nos nervos do braço, apneia do sono e síndrome do pânico. Emocionada ao relatar a situação e dificuldades no atendimento do IRH, Maria de Fátima indagou: "Eu faço o quê? Vou para a escola doente?". Apesar de atribuir seus problemas ao estresse vivido nos anos em que esteve em sala de aula - hoje ela está licenciada - e com isso exigir a readaptação de função, o gerente do IRH, Abelardo Farias, reiterou que o processo só pode ser deferido caso atenda todos os direitos administrativos. "Todo processo é submetido à Junta Médica, que decide com base no direito administrativo quando é o caso de ser readaptado", concluiu.
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Sei muito bem o que é isso! Em 2003, vitima de uma forte depressão, pedi demissão do Estado, e deixei de fazer o que mais amo nessa vida, dar aulas. Muito bom que vc esteja atenta a estas questões, pq o pior de tudo, é passar por esse tipo de problema e não ter apoio d@s companheir@s de trabalho, e isso se dá, não por maldade, mas por falta de informações.
ResponderExcluirParabéns, Luiza!
Adilza, estou nesta situação: PROFESSORA READAPTADA, e sinto isso na pele. É constrangedor, é dilacerante...quando vc sabe que fez o seu melhor e agora encontra-se...numa jaula.E agora?
ResponderExcluirSer forte persistente e ir a luta.E Como diz o poeta: "começar de novo, vai valer a pena..."
Aquele que acredita em Deus é vitorioso.
Forte abraço,
Fui...