raposa véia de ação,
ganhador de eleição,
um enganador safado,
desses que fala incangado...
entrou no bar da pracinha
de numa cidadezinha
e gritou:-quem quer cachaça?
quem quiser bebe de graça,
hoje a conta vai ser minha!
Passou a tarde todinha
pagando cana e falando
e 'os bebo' se embriagando
e bebendo tudo que vinha.
e ele dizendo que tinha
dinheiro pra se manter
influencia nos puder,
e outras qualidades dele,
e que quem votasse nele
não ia se arrepender.
Prometeu pra Zé Jumento
Um milheiro de tijolo,
E pra Manezin do Bolo
Quatro saca de cimento.
Prometeu comprar um cento
De ripa pra Zé Migué,
Um sacolão pra Mané,
Remédio pra Zé de Bana,
E tome promessa e cana,
Risada, fuzaca e mé.
No “mei” da farra e da loa
Um menino entrou no bar
Começou a espiar
E viu aquela pessoa
Que tomou uma das boa
E tava estendido no chão
Perto do pé do balcão.
Esse bebo esparramado
Era o pai desse coitado
Que ninguém deu atenção.
Nem viram o menino entrar,
E quando ele foi entrando
Ficou num canto esperando
Pra ver o pai acordar
E ele ficou a escutar
As conversa do doutor
Que naquele seu furor
Nem via as águas caindo
Dos zói daquele menino
Que chorava de amor.
Nesse instante, do outro lado
Ouviu-se de lá da esquina
Um apito da buzina
De um motão avermeiado.
Um amigo do deputado
Passando pela tangencia
Pra marcar sua presença
Gritou sem descer da moto:
-Tu ta aí comprando voto,
Ou pagando pinitencia
Foi um momento bonito
Quando o povo calou-se
E o menino levantou-se
E respondeu com um grito
Mas forte do que o apito.
Do fundo da inocência.
Delatou a intransigência
Quando olhou pro pai no chão
E disse de supetão!
TA COMPRANDO CONSCIÊNCIA.
(José Acaci)
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